sexta-feira, 31 de maio de 2013

Tradução completa da entrevista de Avril Lavigne para a revista Nylon

NOS BASTIDORES DA CAPA:
Com maquiagem pesada e escura nos olhos, visual despenteado e afinidade pela cor preta, Avril Lavigne nos mostrou um lado rockeiro mais espontâneo, o que tornou o trabalho da nossa estilista Tara Ahmadi mais fácil. (Sem contar que ela já havia trabalhado com a cantora antes e já consegue identificar o que cai bem nela) “Montar um estilo pra Avril é algo muito prazeroso, eu amo esse mix de rock com punk”, disse Ahmadi. “Eu costumo seguir o mantra de que não existem regras”. Toda essa inspiração terminou num montante de roupas de couro, incluindo uma saia, uma camiseta bem vintage e alguns acessórios. Avril Lavigne foi ficando ainda mais interessante enquanto seu maquiador e cabeleireiro Gabriel Panduro foi finalizando seu look meio Lolita rebelde.
Para conseguir o look “menina má”, Gabriel focou numa sombra bem intensa nos olhos na cor preta, e uma coisa bem minimalista no resto do rosto para dar um leve ar de inocência. Panduro ainda deu algum volume nos fios da cantora.
Avril Lavigne se sente mais confortável na escuridão.”Sou uma pessoa noturna”, admite ela no seu estúdio de gravação em West Hollywood. Já havia passado da hora em que todos na cidade já estavam dormindo e o trabalho da cantora estava apenas começando.
Vestida numa versão mais casual de rock – jaqueta de couro de motoqueiro, mini saia, camiseta dos Guns N’ Roses e botas de salto alto – Lavigne estava dando os toques finais em seu novo álbum, que será lançado neste outono. Ela anuncia como o seu melhor álbum até agora, “mas todo mundo sempre diz isso sobre seus álbuns. O tom que estou trabalhando agora é bem triste. Perceba”. Mas promete que o novo álbum será bem diversificado. “Desta vez não serão só músicas sobre relacionamentos e rapazes”, ela jurou.
Seu primeiro single, “Here’s to Never Growing Up”, tem um tipo de refrão que transforma a música em um hino, fazendo jus ao trabalho de Avril que vem se repetindo por anos e anos. Ele até ganhou um vídeo com participação de fãs que foram escolhidos a partir de milhares de inscrições, se acabando ao som da música.
O single, é diferente do humor melancólico de seu último álbum, Goodbye Lullaby lançado em 2011, que foi escrito por Lavigne durante o colapso da separação de seu casamento de 3 anos com o vocalista Deryck Whibley da banda Sum 41. O tom emocional e romântico das músicas deste último álbum meio que não agradou à todos os fãs. “Tudo que eu queria era escrever músicas e fazer alguma coisa que soasse mais artístic”, explicou ela. Mas recebendo apenas certificado de ouro nos Estados Unidos, o álbum foi um fiasco comercial comparados a todos os outros da cantora que apareceram nos charts imediatamente e foram multiplatinados. Avril explicou que foi um momento de desafiar a si mesma: “Eu queria ir a fundo, não queria só escrever um disco para fazer sucesso”.
Mas ela deveria ter percebido que alguma coisa havia faltado neste álbum. Em disputa com sua antiga gravadora de longa data, a RCA, devido ao lançamento e promoção do álbum anterior, ela disse: “Eu tinha planos para aquele álbum, mas eu não tinha o apoio da minha gravadora…”, contou ela. “Foram vários altos e baixos, muita opinião acerca do meu estilo e composições. Havia muito drama. Foram desafios por todos os lados com aquele álbum, com as pessoas envolvidas com o fim daquele negócio”.
Embora se sentisse calejada, Lavigne ainda assim embarcou numa turnê mundial, “… Sendo forte e sempre de cabeça erguida. Os shows foram os melhores que eu já fiz, foram muito bons pra mim. O apoio que tenho dos meus fãs independente de qualquer coisa… É uma loucura!”
Mesmo assim, ela admite: “Eu tinha me cansado de várias maneiras, e já não sabia mais aonde eu queria chegar dali pra frente.”
Avril Lavigne ficou sabendo que LA Reid estava assumindo o posto de presidente da Epic Records. Os dois se conheceram em 2000, quando Avril se mudou de sua cidade natal, Ontário, para Nova Iorque com a intenção de gravar algumas demos. Tudo isso chegou aos ouvidos de Reid que ficou bem interessado. Na época ele administrava a Arista, e eles acabaram assinando um contrato de dois discos no valor de $1.25 milhões. “(os produtores) meio que já tinham decidido quem iria escrever pra mim, e eu fui tipo: ‘Não, eu tenho que escrever minhas próprias músicas!’, contou Avril. “Eles olhavam pra mim como se eu fosse uma garotinha e se perguntavam: ‘Como é que ela vai escrever uma música??’, e o legal foi que LA me ouviu e me deixou fazer o que eu precisava fazer.”
A relação profissional dos dois acabou em 2004 quando LA deixou a Arista, e Lavigne foi para a RCA. Mas os dois mantiveram contato: “Quando eu estava passando por todos aqueles problemas com minha última gravadora, ele veio até a minha casa, mesmo a gente não estando mais trabalhando juntos. Nós sentamos e conversamos, eu toquei algumas músicas pra ele. Ele estava lá por mim, isso não é legal? Quase ninguém faria isso!”
“Eu amo Avril”, disse Reid sobre ter mantido contato com ela. “Eu nunca quis ter parado de trabalhar com ela, sempre estive atento ao que ela estava fazendo musicalmente e com a vida dela.”
Com Reid no topo da Epic Records, Avril Lavigne foi recontratada. “Quando ele me ligou e disse: ‘Vamos trabalhar juntos de novo!’, foi perfeito, foi na hora certa! A partir dali eu me senti muito inspirada, minha turnê tinha acabado em fevereiro e uma semana depois eu já estava em estúdio.”
Ao mesmo tempo, Avril Lavigne contratou Larry Rudolph, mais conhecido por ser o empresário responsável por construir o império de Britney Spears, e reconstruí-lo após todos os problemas que ela passou. Imediatamente os dois começaram a trabalhar num novo álbum, mirando músicas que remetessem ao seu álbum de estréia, Let Go, que Rudolph chama de “obra-prima do pop rock”. Este álbum vendeu mais de 15 milhões de cópias mundialmente. “Eu amo a parte rock que está inclusa em tudo que ela faz”, disse ele, “Nós conversamos sobre voltar às origens, e isto está sendo nosso mantra durante a gravação deste álbum.”
Duas semana depois, Larry encontrou um colaborador ideal para trabalhar com Avril, o vocalista doNickelback, Chad Kroeger, que havia conhecido numa festa de Ano Novo no México. “Eu disse: ‘Cara, você tem que fazer uma música com a Avril!’. Ele nunca tinha conhecido ela, mas ficou bem interessado. Eu disse: ‘Vocês dois são canadenses, os dois são realezas do pop-rock’. Este cara tem 17 números 1, fazia sentido pensar neles dois trabalhando juntos.”
Quando ele contou para Avril sobre a ideia, ela comentou “Ele faz o que eu faço, ele é um rockstar, ele toca guitarra, ele está nos palcos toda noite, escreve músicas”. Demoraram dois meses para que finalmente juntasse os dois no mesmo estúdio. De início, tudo que eles esperavam era criar uma ou duas músicas. A primeira delas foi uma balada chamada Let Me Go. “É uma das minhas favoritas, não só deste álbum, mas uma das minhas músicas preferidas de todas”, revela Rudolph. “Eu literalmente me forcei a falar sobre assuntos diferentes neste álbum. Coisas que eu nunca tinha falado antes. Não tentei só mostrar quem eu sou tão a fundo”, contou Avril.
A cantora também teve a ajuda do músico e vencedor do Grammy, David Hodges do Evanescence, conhecido também pelo trabalho que fez com Carrie Underwood. As músicas 17 e Rock and Roll fazem homenagem à juventude enquanto Hello Kitty, uma faixa um pouco eletrônica mostra o lado experimental dela. Guitarras pesadas e um som mais sombrio estão presentes em Bad Girl, feita em colaboração com Marylin Manson. Os dois se conheceram há uma década atrás num show de Marylin em Toronto. Além de compartilharem uma séria aversão ao sol (coisa que Lavigne indica que pode ser seu segredo de beleza), eles também têm um respeito muito grande um pelo outro. Enquanto trabalhavam na música Bad Girl no estúdio com Hodges, Lavigne disse que: “Eu olhei pra ele e disse ‘Manson seria perfeito para essa música’, e ele respondeu ‘Eu sei!’”. Então ela mandou uma mensagem de texto pra ele e mais tarde ele estava dentro do estúdio. “Ele entrou na cabine de voz e cantou a parte dele na música, elevou-a para um outro nível.”
No verão passado, muitos websites espalhavam um rumor de um suposto romance entre Avril e Manson, na época ele declarou: “Poxa, eu não faria isso! Ela é canadense!… Nada contra canadenses.” E então descobrimos que Avril estava caída de amores por outra pessoa – Kroeger. Um música os levou a gravar duas, que levou a gravar três, e depois um álbum inteiro poderia ser montado só com o material dos dois. “Nós estávamos nos dando muito bem. Começamos como parceiros de estúdio, depois amigos, e no verão passado começamos a namorar”. Em agosto, ele a propôs em casamento através de uma foto dele mesmo segurando um anel de 14 quilates dentro do caderno de anotações que ela usava na gravação do álbum. Logo após, Kroeger entrou no estúdio carregando um pacote de cervejas, deu um beijo na bochecha dela e proclamou um “Maravilhoso” antes de voltar ao trabalho. “Ele é legal, verdadeiro e gentil”, disse Avril. “Pra mim, é importante ter uma conexão bem forte com a outra pessoa. Ser romântica”, e então aponta para uma dúzia de rosas em cima de um pedestal como prova do que falou sobre Kroeger.
Ironicamente, Lavigne conheceu Kroeger há mais de uma década no Roxy em Vancouver – na mesma noite em que também conheceu Whibley. “Estranho, né?”, diz ela rindo. “Eu tinha 17 anos e Complicated tinha acabado de ser lançada.”
Avril estava celebrando seu sucesso com uma garrafa da bebida Jaeger, e enquanto Deryck a carregava sobre os ombros, ela avistou Chad, que na época estava no auge da banda Nickelback. “Ele nem sabia quem eu era. Eu tinha acabado de aparecer nas rádios.” Mas ele a conheceria mais tarde. “Eu não era só aquele tipo de cantora que servia de rosto para bailarinos de fundo, eu sempre tive muito a dizer com as minhas músicas, eu tocava guitarra, eu tinha um conceito diferente, presença de palco, tudo.” Ela também conta que sua capacidade de aceitar suas falhas é um diferencial nela, enquanto outras cantoras são treinadas para esconder isso como parte da sua imagem, “Sou muito transparente. Se percebo que não estou sendo eu mesma, então as coisas acabam não dando muito certo, e isso vale para tudo, para as músicas que escrevo, pro meu trabalho, relacionamentos, tudo. Se eu não estou feliz, com certeza as pessoas saberão disso.” Rudolph concorda: “Ela nunca vai tentar se adaptar com o que está bombando no momento, ela é uma rockstar e continuará fiel à sua essência. Ela tem um senso de identidade muito natural.” Depois, quando perguntado sobre os desafios dela, ele responde: “Ela terá de equilibrar sua vida profissional com a pessoal. Este é um desafio que qualquer artista tem de enfrentar.”
Desta vez, Avril terá a ajuda de um velho aliado. “Eu sou o segurança da Avril, cuidarei para que ninguém chateie ela, e assim ela poderá fazer tudo que ela quiser”, diz LA Reid. “Sou o guarda-costas dela, sou o cara que dirá ‘Não mexa com a Avril!’” Com tudo que enfrentou em seus anos e anos de carreira, Lavigne diz que descobriu a importância da estabilidade. “Eu aprendi a ser mais calma e aceitar melhor as coisas”, diz ela revelando uma tatuagem em seu braço que diz “vivre le moment présent”, que quer dizer “viva o momento” em francês. Mas o espírito rebelde responsável pela venda de dezenas de milhões de álbuns continua intacto. “Eu gosto de ser um pouco idiota e imprudente. Especialmente quando as coisas devem ser sérias. Uma dose exagerada de qualquer coisa talvez não seja tão legal. Sabia que se você comer sua comida preferida todos os dias você vai acabar enjoado dela? Então, eu descobri como balancear as coisas. E sei que ter equilíbrio é importante pra mim.”
Tradução e adaptação: Rodnei de Oliveira, Equipe Avril Brasil
Fonte: Revista Nylon, edição julho de 2013

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